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sexta-feira, 18 de março de 2011

Medicalização e dependência

Um assunto pouco discutido quando se fala em dependência química, mas que vem ganhando espaço na mídia: a medicalização do sofrimento, da angústia, e dos problemas sociais como um todo. No ano passado, foi divulgado que o rivotril é a segunda medicação mais vendida no Brasil, perdendo apenas para o anticoncepcional Microvlar, e na frente de medicações antihipertensivas e até de analgésicos, para os quais não se faz necessária a receita.

Para deixar claro que se trata de uma medicação que induz à dependência é que se coloca a traja preta em sua caixa, e para controlar seu uso e venda é que se cobra pela receita. No caso da Ritalina, a receita deve ser de um formulário ainda mais rigoroso, amarelo, para o qual o psiquiatra precisa fazer um cadastro específico no seu Conselho Regional.

A Ritalina, ou Metilfenidato, é uma medicação derivada das anfetaminas, e funciona como estimulante cerebral. Utilizada principalmente nos casos de hiperatividade, interessante imaginar que um estimulante poderia trazer benefícios. O problema é justamente esse: pode funcionar bem até "demais", a ponto de provocar um comportamento artificial, e acabar com a espontaneidade do sujeito que o utiliza.

O Brasil, segundo estudos, é o segundo maior consumidor desta medicação, perdendo apenas para os Estados Unidos. O que isso nos diz? Que nossas crianças estão com uma epidemia de TDAH? Que boa  parte de nossos adultos sofrem de déficit de atenção, e que sofremos prejuízos sociais importantes por conta disso? Ou que ainda depositamos nas medicações a esperança da solução de nossos problemas sociais?

Deixo para o debate ainda um video da entrevista da Dra. Maria Aparecida Moysés, professora de Psiquiatria da Unicamp, e um trecho dos Simpsons, quando Bart utiliza uma medicação para o seu comportamento difícil... O que vocês pensam sobre isso?